Fernão Rodrigues de Calheiros


Que mal matei os meus olhos e mim,
que nom tornei a mia senhor veer!
E lhi menti de quanto lh'aconvim
– nunca per mi já mais dev'a creer!
5Pero que val? Ca nunca eu lezer
ar pud'haver, des que m'eu d'alá vim.
  
E que me val? Quand'eu i nom tornei
u lhi convim, hoera de tornar.
Se a ousar veer, que lhi direi?
 10Porque o fiz, nom me poss'en salvar.
Mais Deus Senhor a leixe perdõar
a mim! Se nom, conselho nom me sei.
  
Que coita tal! Por eu buscar perdom
ou outro bem, devi'-a demandar;
 15ca assi faz quem erra sem razom,
com'eu errei, que me nom poss'achar
nẽum conselho bõo que filhar.
[E] por que nom fiz seu mandad'entom?



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Nota geral:

O trovador censura-se a si próprio por ter faltado ao que tinha prometido à sua senhora: ir vê-la. Mentiu-lhe e, de certeza, ela nunca mais irá acreditar nele - muito embora ele não tenha conhecido um minuto de sossego longe dela.
Mas isso nada lhe adianta, face à quebra do compromisso. Que lhe dirá, quando a for ver? Se a sua atitude não tem justificação, espera, mesmo assim, que ela lhe perdoe. Mas sabe que, para que isso aconteça, uma qualquer justificação seria necessária. Sem saber o que fazer, só pergunta: mas por que não cumpri o prometido?



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 71

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 71


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas