João Lopes de Ulhoa


Se eu moiro, ben'o busquei!
Porque eu tal senhor filhei:
ũa dona de que já sei
que nunca posso bem haver!
5E sempre lh'eu gram bem querrei:
       e dereit'é d'assi morrer.
  
De que m'eu podera quitar,
se m'ende soubesse guardar;
mais havia de lhe falar
10gram sabor e de a veer!
E tornou-se-m'em gram pesar:
       e dereit'é d'assi morrer.
  
U a primeiramente vi
mui fremosa, se eu dali
 15fugiss'e nom ar tornass'i,
assi podera mais viver!
Mas nom cuidei que foss'assi:
       e dereit'é d'assi morrer.
  
Quando a filhei por senhor,
20nom me mostrava desamor,
e ora muit'há gram sabor
de mia morte cedo saber,
porque fui seu entendedor:
       e dereit'é d'assi morrer.
  
25E veerá mui gram prazer,
quando m'agora vir morrer.



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Nota geral:

Se se sente morrer, a culpa é unicamente sua, diz-nos o trovador - pois foi amar uma senhora de quem nunca terá os favores, é justo que morra. Deveria, na verdade, ter-se afastado dela, fugir dali, pois o gosto que tinha em vê-la e falar-lhe transformou-se agora em pesar. Caiu na armadilha da sua sedução e agora só lhe resta morrer - coisa que decerto muito prazer dará à sua senhora.
A razom desta composição tem muitas semelhanças com uma anterior cantiga do trovador.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 208, B 359

Cancioneiro da Ajuda - A 208

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 359


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas