Fernão Rodrigues de Calheiros


Vedes, fremosa mia senhor,
seguramente o que farei:
entanto com'eu vivo for,
nunca vos mia coita direi;
5       ca nom m'havedes a creer,
       macar me vejades morrer.
  
Por que vos hei eu, mia senhor,
a dizer nada do meu mal?
Pois desto sõo sabedor,
10segurament', u nom jaz al:
       ca nom m'havedes a creer,
       macar me vejades morrer.
  
Servir-vos-ei [eu], mia senhor,
quant'eu poder, mentre viver;
15mais pois de coita sofredor
som, nom vo-lo hei a dizer;
       ca nom m'havedes a creer,
       macar me vejades morrer.
  
Pois eu entendo, mia senhor,
20quam pouco proveito me tem
de vos dizer quam grand'amor
vos hei, nom vos falar[ei] en;
       ca nom m'havedes a creer;
       macar me vejades morrer.



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Nota geral:

Dirigindo-se à sua senhora formosa (num diálogo que só pode ser interior), o trovador considera que nunca lhe confessará o seu amor e o seu sofrimento, porque ela, mesmo que o veja morrer, nunca o acreditará. Servi-la-á em silêncio, já que nada lhe adiantará falar



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras rima a uníssona, rima b singular
Palavra(s)-rima: (v. 1 de cada estrofe)
mia senhor
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 57/72

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 57/72


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas