Rodrigo Anes Redondo


Pois [s']ora faz que eu viver aqui
poss', u nom poss', assi Deus me perdom!,
veê'la senhor do meu coraçom,
e por en nom moiro, dig'eu assi
5(por atal cousa que passa per mi):
       pois s'esto faz e nom posso morrer,
       tôdalas cousas se podem fazer
  
 que som sem guisa! Ca sem guisa é
 de viver eu u nom veja os seus
10olhos, que eu vi por aquestes meus
em grave dia; mais pois assi é
que eu nom moiro já, per bõa fé,
       pois s'esto faz e nom posso morrer,
       tôdalas cousas se podem fazer
  
15que som sem guisa! Ca u vou cuidar
em qual a vi e haver a guarir
u a nom vej', a mia morte partir
nom deveria, com este pesar;
mais, pois nom moiro, bem posso jurar,
20       pois s'esto faz e nom posso morrer,
       tôdalas cousas se podem fazer
  
que som sem guisa! Mais também viver
pod'o morto, se x'o Deus quer fazer!



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Nota geral:

O trovador declara que, uma vez que lhe acontece viver num lugar onde não pode ver a sua senhora e, apesar disto, não morre, todas as coisas sem jeito ou absurdas são possíveis. Pois nada é impossível: até Deus, se quiser, pode ressuscitar um morto... (conclui na finda, numa nota ligeiramente heterodoxa).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
Ateúda atá finda
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 336

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 336


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas