Vasco Gil


 Muito punhei de vos negar,
senhor fremosa, o gram bem
que vos quero; mais já per rem
no[m] hei poder de me guardar
5       que vos nom haja de fazer,
       do bem que vos quero, saber.
  
Quisera-m'eu que foss'assi,
que podesse meu coraçom
encobrir, mais nom me perdom
 10Deus, se já poss'al fazer i
       que vos nom haja de fazer,
       do bem que vos quero, saber.
  
Ca entend'i eu, por meu mal,
que vós parecedes melhor
15de quantas eu vi, mia senhor;
pero nom poss'i fazer al
       que vos nom haja de fazer
       do bem que vos quero saber.
  
Tal bem vos quero que bem sei
20per rem que nom posso guarir,
 pero nom me poss'en partir,
mais é 'ssi que poder nom hei
       que vos nom haja de fazer,
       do bem que vos quero, saber.
  
25Ca todo nom sei hoj'eu quem
o podesse dizer per rem.
  
E negara-vo-l'eu, mais nom
quis Deus, nen'o meu coraçom.



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

Dirigindo-se à sua senhora, o trovador diz-lhe que, se durante muito tempo tudo fez para esconder-lhe o bem que lhe quer, já não aguenta mais calar-se e, mesmo contra sua vontade, tem de lho dizer.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
Finda (2)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 150

Cancioneiro da Ajuda - A 150


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas