Fernão Garcia Esgaravunha


Senhor fremosa, convém-mi a rogar
por vosso mal, enquant'eu vivo for,
a Deus, ca faz-me tanto mal Amor,
que eu já sempr'assi lh'hei de rogar:
 5que El cofonda vós e vosso sem
e mim, senhor, porque vos quero bem,
e o Amor, que me vos faz amar.
  
 E [por] vosso sem, que em mi errar
vos faz tam muito, serei rogador
10a Deus assi: que confonda, senhor,
el muit'e vós e mim, em que errar
 vos el faz tanto. E al mi ar convém
de lhe rogar: que ar cofonda quem
me nom leixa convosco mais morar.
  
15E os meus olhos, a que vos mostrar
fui eu, por que viv'hoje na maior
 coita do mundo, ca nom hei sabor
 de nulha rem, u vo-lhes eu mostrar
nom poss'; e Deus cofonda mi por en,
20e vós, senhor, e eles e quem tem
em coraçom de me vosco mezcrar.



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Nota geral:

Por uma vez o trovador, desesperado, pede a Deus que amaldiçoe tudo: a sua senhora formosa, a sua falta de bom senso, o Amor, ele próprio, os que o impedem de estar perto dela, os seus olhos (que a viram) e, finalmente, os intriguistas que procuram semear a discórdia entre os dois.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas
Dobre: (vv. 1 e 4 de cada estrofe)
rogar (I), errar (II), mostrar (III)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 116, B 232

Cancioneiro da Ajuda - A 116

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 232


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas