Pero Garcia Burgalês


 Quantos hoj'eu com amor sandeus sei
dizem (si Deus me leixe bem haver!)
que a dona lhes fez o sem perder
melhor de quantas hoje no mund'há.
5Se verdad'é, sei eu a dona já:
       e atal dona, si Deus a mim perdom,
       nom há no mundo, se mia senhor nom!
  
Ainda vos outra cousa direi:
a todos estes eu ouço dizer
10que a melho'los fez ensandecer
dona do mundo; mais, se verdad'é,
log'eu a dona sei, per bõa fé:
       e atal dona, si Deus a mim perdom,
       nom há no mundo, se mia senhor nom!
  
15Se verdad'é que eles por atal
dona qual dizem perderom o sem,
pola melhor do mundo, e som por en
sandeus e nom ham doutra rem sabor,
nom som sandeus senom por mia senhor:
20       e atal dona, si Deus a mim perdom,
       nom há no mundo, se mia senhor nom!



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Nota geral:

Se todos os que andam loucos de amor dizem que a dona que lhes fez perder a razão é a melhor de todas, o trovador garante que já sabe quem é: não pode ser outra senão a sua senhora.
A composição, desenvolvendo o elogio tópico da amada, não deixa de ser subtilmente irónica em relação a esse mesmo tópico (ou lugar comum).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras doblas (rima c singular)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 109, B 218

Cancioneiro da Ajuda - A 109

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 218


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas