Pero da Ponte


Quem seu parente vendia,
todo por fazer tesouro,
se xe foss'em corredura
e podesse prender mouro,
 5       tenho que x'o venderia
       quem seu parente vendia.
  
Quem seu parente vendia,
bem fidalg'e seu sobrinho,
se tevess'em Santiago
10bõa adega de vinho,
       tenho que x'o venderia,
       quem seu parente vendia.
  
Quem seu parente vendia,
polo poerem no pao,
15se pam sobrepost'houvesse,
e lhi chegass'ano mao,
       tenho que x'o venderia,
       quem seu parente vendia.
  
Quem seu parente vendia,
20mui fidalg'e mui loução,
se cavalo sop'houvesse
e lho comprassem por são,
       tenho que x'o venderia,
       quem seu parente vendia.



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Nota geral:

Sátira a um fidalgo velhaco e ganancioso que não hesita em vender a própria família para entesourar riqueza. A cantiga foi certamente composta num contexto particular que desconhecemos, o que torna muitas das suas referências difíceis de entender. Pelo que se depreende, tratar-se-ia de um rico-homem galego, que teria entregue o seu sobrinho à justiça (para ser enforcado) em troco de uma recompensa.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Refrão
Cobras singulares
Palavra perduda: v. 3 de cada estrofe
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1648, V 1182

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1648

Cancioneiro da Vaticana - V 1182


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas