Afonso Anes do Cotom


Veerom-m'agora dizer
d'ũa molher que quero bem
que era prenhe, e já creer
 nom lho quig'eu per nulha rem;
5 pero dix'eu: - Se est assi,
oimais nom creades per mim,
se a nom emprenhou alguém.
  
E digo-vos que m'é gram mal
daquesto que lhi conteceu,
 10ca sõo eu cord'e leal,
pero me dam prez de sandeu;
mais vedes de que hei pesar:
daquel que a foi emprenhar,
de que cuidam que x'a fodeu.
  
15Pero juro-vos que nom sei
bem este foro de Leon
ca pouc'há que aqui cheguei;
mais direi-vos ũa razom:
em mia terra, per boa fé,
20a toda molher que prenh'é
 logo lhi dizem com barom!



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Nota geral:

Cantiga contra uma dona não identificada, que resulta numa verdadeira paródia às cantigas de amor, pela inversão que opera no código abstrato do amor cortês. Nela Cotom mostra-se deveras surpreendido com a notícia da gravidez de uma senhora que servia: a ser verdade, certamente alguém a teria engravidado. Do irónico espanto é fácil deduzir quem teria sido o autor da proeza.



Nota geral


Descrição

Escárnio e Maldizer
Mestria
Cobras singulares
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Fontes manuscritas

B 1581, V 1113

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1581

Cancioneiro da Vaticana - V 1113


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas