Pero Garcia Burgalês


Nostro Senhor, que bem alberguei
quand'a Lagares cheguei, noutro dia,
per ũa chúvia grande que fazia!
 Ca proug'a Deus e o juiz achei,
5Martim Fernándiz, e disse-mi assi:
- Pam e vinh'e carne vendem ali
  em Sam Paaio - contra u eu ia.
  
Em coita fora qual vos eu direi:
se nom achass'o juiz que faria?
10Ca eu nẽum dĩeiro nom tragia;
mais proug'a Deus que o juiz achei:
Martim Fernandes saíu a mim
e mostrou-m'[um] albergue cabo si,
em que compr[ar] quanto mester havia.
  
15Se eu o juiz nom achasse, bem sei,
como alberguei, nom albergaria,
ca eu errei, e já m'escurecia;
mais o juiz me guariu, que achei:
pero que eu tardi o conhoci,
20conhoceu-m'el, e saiu contra mi
e homilhou-xi-mi e mostrou-mi a via.



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Nota geral:

O tipo de sátira sobre a falta de hospitalidade habitualmente dirigida aos infanções surge-nos agora endereçada a um juiz, que teve a amabilidade de indicar, a um Pero Garcia Burgalês encharcado, perdido e sem um tostão, um lugar onde poderia encontrar abrigo e comida - em vez de, obviamente, lhe abrir as portas da sua casa.
É provável que a cena se passe em Portugal, perto de Oliveira do Hospital, onde, de facto, há duas povoações próximas com os topónimos referidos (Lagares e S. Paio de Gramaços). A ser assim, é possível que a composição date dos inícios de 1247, quando o infante Afonso de Castela entra em Portugal com a sua hoste, na tentativa de acorrer ao malogrado D. Sancho II.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras uníssonas
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Fontes manuscritas

B 1381, V 989

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1381

Cancioneiro da Vaticana - V 989


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas