Lopo Lias


Tercer dia ante Natal,
[o] de Lemos lhi foi dar
       um brial a mia senhor bela;
        e ao zevrom renge-lh'a sela.
5       Um brial a mia senhor bela,
       e ao zevrom renge-lh'a sela.
  
Sei eu um tal cavaleiro
que lhi talhou em Janeiro
       um brial a mia senhor bela;
10       e ao zevrom renge-lh'a sela.
       Um brial a mia senhor bela,
       e ao zevrom renge-lh'a sela.
  
 Filhou-lh'o manto caente
e talhou-lho em Benavente
15       um brial a mia senhor bela;
       e ao zevrom renge-lh'a sela.
       Um brial a mia senhor bela,
       e ao zevrom renge-lh'a sela.



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Nota geral:

Mais uma composição do ciclo que D. Lopo Lias dedica aos infanções de Lemos. Aqui, é especialmente o manto de seda que um deles teria dado à sua senhora bela pelo Natal (subtraindo-lhe o seu manto quente) o objeto do riso.
Para a contextualização e possível datação deste ciclo, veja-se a Nota Geral à cantiga anterior (a primeira). Note-se, de qualquer modo que, na hipótese muito plausível de um contexto político para todo este ciclo (nomeadamente, se esse contexto foi o conturbado período do tratado de Benavente, assinado pouco antes do Natal de 1230, e que implicou a abdicação forçada das infantas Sancha e Dulce aos seus direitos sobre o trono de Leão), a questão da troca de mantos poderia ter um sentido crítico bem diferente. Se é certo que as datas referidas na cantiga não coincidem exatamente com o dia da assinatura do tratado (11 de dezembro), decerto que as semanas imediatamente anteriores e posteriores terão sido decisivas no posicionamento das várias partes em conflito (incluindo os irmãos infanções, alvos concretos da sátira). Remetemos novamente para o estudo de José António Souto Cabo1, onde este assunto é largamente discutido.

Referências

1 Souto Cabo, José António (2016), "En cas da Ifante. Figuras femininas no patrocínio da lírica galego-portuguesa", in Estudos en homenaxe a Mercedes Brea, Santiago de Compostela, Universidade de Santiago de Compostela.
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Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1339, V 946

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1339

Cancioneiro da Vaticana - V 946


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas