Estêvão da Guarda


Disse-m'hoj'assi um home:
- Vai-se daqui um ric'home.
Dix[i]-lh'eu: - Per com'el come,
pois que m'eu fiqu'em Lixboa!
5Já que se vai o ric'home,
varom, vá-s'em hora boa.
  
 E disse-m'el: - Per Leirea
se vai, caminho de Sea.
Dixi-lh'eu: - Per com'el cea,
10pois eu fiqu'em Stremadura!
Se vai caminho de Sea
el, vá-s'em boa ventura.
  
Disse-m'el: - Este caminho
se vai d'Antre Doir'e Minho.
15Dix'eu: - Pois bevo bom vinho
aqui, u com'e nom conto,
se vai Antre Doir'e Minho,
senher, vaa-s'em [bom] ponto.



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Nota geral:

Ao que tudo indica, esta cantiga é uma sátira a um rico-homem arruinado ou sovina, que parte de Lisboa para se recolher às suas terras minhotas, talvez por não poder (ou não querer) suportar o custo de vida na corte. De qualquer forma, o percurso indicado, e no qual assenta grande parte da ironia da cantiga - Lisboa, Leiria, Seia, e Entre-Douro-e-Minho - não é o mais evidente. Talvez Seia, seja apenas incluída pela evidente homofonia com "ceia”; ou talvez haja uma qualquer alusão específica que nos escapa.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras singulares
Dobre: (vv. 2 e 5 de cada estrofe)
ric'home (I), se vai caminho de Sea (II), se vai (d') Antre Doir'e Minho (III)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1307, V 912

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1307

Cancioneiro da Vaticana - V 912


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas