Estêvão da Guarda


A um corretor que vi
vender panos, que conhoci,
com penas veiras, diss'assi:
- Da molher som de Dom Foam.
5E disse-m'el: - Vendem quant'ham,
el e aquesta sa molher:
       ham-no mester, ham-no mester!
  
E diss'eu: - Ficará em cós
 sem estes panos do ver grós;
 10mais pois que os tragedes vós
a vender e par seu talam?
E disse-m'el: - Sei eu, de pram,
per ela, quanto vos disser:
       ham-no mester, ham-no mester!
  
15E diss'eu: - Grav'é de creer
 que eles, com mêngua d'haver,
mandem taes panos vender,
por quam pouco por eles dam.
E disse-m'el: - Per com'estam,
20el e aquesta sa molher,
       ham-no mester, ham-no mester!



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

Retrato de um casal em apuros de dinheiro, obrigado a vender ao desbarato as suas roupas com peles, mesmo se já muito usadas. A cantiga desenvolve-se a partir de um jocoso diálogo entre o trovador e um intermediário desta venda.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Refrão
Cobras singulares (rima b uníssona)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1300, V 904
(C 1300)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1300

Cancioneiro da Vaticana - V 904


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas