Martim de Ginzo


Nom poss'eu, madre, ir a Santa Cecília,
ca me guardades a noit'e o dia
       do meu amigo.
  
Nom poss'eu, madr[e], haver gasalhado,
5ca me nom leixades fazer mandado
       do meu amigo.
  
Ca me guardades a noit'e o dia,
 morrer-vos-ei com aquesta perfia
       por meu amigo.
  
10Ca mi nom leixades fazer mandado,
morrer-vos-ei com aqueste cuidado
       por meu amigo.
  
Morrer-vos-ei com aquesta perfia,
e, se me leixássedes ir, guarria
15       com meu amigo.
  
Morrer-vos-ei com aqueste cuidado
e, se quiserdes, irei mui de grado
       com meu amigo.



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Nota geral:

A donzela protesta com a mãe pelo facto de esta a vigiar dia e noite, impedindo-a assim de ir à ermida de Santa Cecília encontrar-se com o seu amigo, como ele lhe tinha pedido.
Note-se, no entanto, que o tom da donzela vai sofrendo uma gradual alteração ao longo da cantiga: nas duas primeiras estrofes, protesta exasperada, nas duas estrofes seguintes, ameaça morrer se a mãe não a deixar ir, mas nas duas últimas estrofes o protesto transforma-se em pedido: se a mãe deixar, já não morre. E note-se também como, de forma original, o refrão acompanha estes três momentos com uma pequena variação da preposição inicial.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão e Paralelística
Cobras alternadas
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Fontes manuscritas

B 1273, V 879

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1273

Cancioneiro da Vaticana - V 879


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas