Lopo


And'ora trist'e fremosa
porque se foi meu amigo
com sanha, bem vo-lo digo,
 mais eu sõo aleivosa,
5       se s'ele foi polo seu bem,
         ca sei que mal [l]hi verrá en.
  
E bem vo-lo juro, madre,
pois que s'el foi noutro dia
sanhud'e nom mi o dizia,
10nom fui filha de meu padre
       se s'ele foi polo seu bem,
       ca sei que mal lhi verrá en.
  
Pois que m'eu del muito queixo
  e fui por el mal ferida
15de vós, mia madre velida,
  nom logr'este meu soqueixo
       se s'ele foi polo seu bem,
       ca sei que mal lhi verrá en.



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

Triste porque o seu amigo se foi embora zangado, a donzela jura à mãe que nada de bom lhe advirá dessa atitude, muito pelo contrário. De resto, como acrescenta na 3ª estrofe, a sua atitude é ainda agravada pelo facto de, não só ser ela quem tem queixas dele, mas até por muito ter sofrido já por sua causa, nomeadamente quando a mãe lhe bateu.
No 4º verso de cada estrofe, a cantiga inclui curiosas formas de jura, que, eventualmente, poderiam indiretamente aludir a características da donzela (de uma donzela concreta). No caso da última estrofe, o traço - o uso de um soqueixo, ou lenço que se atava sob o queixo - parece quase certo. Já a possibilidade de o jogral estar a sugerir, na 1ª estrofe, que ela seria aleivosa (traidora), e, na 2ª, que não seria filha do seu pai oficial, mas sim de uma relação adúltera da sua mãe, é mais difícil de garantir.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1250, V 855

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1250

Cancioneiro da Vaticana - V 855


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas