João Baveca


Amigo, mal soubestes encobrir
 meu feit'e voss'e perdestes per i
mi e eu vós; e oimais quem nos vir
de tal se guard', e, se molher amar,
5filh'aquel bem que lhi Deus quiser dar
e leix'o mais e pass'o temp'assi.
  
Ca vós quisestes haver aquel bem
de mim que vos nom podia fazer
 sem meu gram dan', e perdestes por en
10quanto vos ant'eu fazia d'amor;
e assi faz quem nom é sabedor
de saber bem, pois lho Deus dá, sofrer.
  
E bem sabedes camanho temp'há
que m'eu daquest', amigo, receei
15em que somos; e, pois que o bem já
nom soubestes sofrer, sofred'o mal,
  ca, [pero] m'end'eu queira fazer al
o demo lev'o poder que end'hei.



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

Dirigindo-se ao seu amigo, e na sequência das cantigas anteriores, a donzela lamenta que a sua falta de cuidado e de discrição os tenha conduzido à triste situação atual. Sem pensar nas consequências, quis mais do que ela lhe dava em segurança. Subentendendo-se que ela cedeu, agora nada têm. Quem tudo quer, tudo perde, é o seu aviso aos restantes apaixonados.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Mestria
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1234, V 839

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1234

Cancioneiro da Vaticana - V 839


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas