Martim de Caldas


Ai meu amig'e lume destes meus
olhos e coita do meu coraçom,
por que tardastes, há mui gram sazom?
Nom mi o neguedes, se vos valha Deus,
 5       ca eu quer'end'a verdade saber,
       pero mi a vós nom ousades dizer.
  
Dizede-mi quem mi vos fez tardar,
ai meu amig', e gradecer-vo-lo-ei,
ca já m'end'eu o mais do preito sei
10e nom vos é mester de mi o negar,
       ca eu quer'end'a verdade saber,
       pero mi a vós nom ousades dizer.
  
Per bõa fé, nom vos conselhou bem
quem vos esta tardada fazer fez,
15e, se mi vós negardes esta vez,
 perder-vos-edes comigo por en,
       ca eu quer'end'a verdade saber,
       pero mi a vós nom ousades dizer.



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Nota geral:

A donzela pergunta emotivamente ao seu amigo por que razão demorou tanto. E pede-lhe para não lhe esconder nada, porque quer saber a verdade, seja ela qual for. Certamente alguém o fez demorar, como sugere na 2ª estrofe, sugerindo também que já conhece uma boa parte da história. Na 3ª estrofe, percebemos que esse alguém terá sido uma pessoa que lhe deu tal conselho. Mas, na verdade, para nós não fica inteiramente claro a quem se estará a donzela a referir.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1197, V 802

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1197

Cancioneiro da Vaticana - V 802


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas