Pero de Berdia


Sanhudo m'é meu amig'e nom sei,
Deu'lo sabe, por que xi m'assanhou
 ca toda rem que m'el a mi mandou
fazer, fij'eu e nunca lh[e] errei;
 5       e por aquesto nom tenh'eu em rem
        sanha, que sei onde mi verrá bem.
  
Tam sanhudo nom m'é, se m'eu quiser,
que muit'alhur sem mi possa viver,
e em sobêrvia lho quer'eu meter
10que o faça, se o fazer poder;
       e por aquesto nom tenh'eu em rem
       sanha, que sei onde mi verrá bem.
  
E, des que eu de mandado sair,
nom se pode meu amigo guardar
15que me nom haja pois muit'a rogar
polo que m'agora nom quer gracir;
       e por aquesto nom tenh'eu em rem
       sanha, que sei onde mi verrá bem.
  
Quando m'el vir em Santa Marta estar
20mui fremosa, meu amigo bem lheu
 querrá falar migo e nom querrei eu;
entom me cuido bem del a vingar;
       e por aquesto nom tenh'eu em rem
       sanha, que sei onde mi verrá bem.



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Nota geral:

Às zangas injustificadas do seu amigo a moça não dá qualquer importância: é uma mera questão de orgulho da parte dele e decerto que não vai aguentar muito tempo sem a ver. De resto, se ela deixar de atender aos seus pedidos, logo virá com súplicas. Mas pode esperar uma pequena vingança da sua parte: na ermida de Santa Marta, quando a vir tão formosa e quiser vir falar-lhe, ela não vai querer.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1118, V 709
(C 1118)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1118

Cancioneiro da Vaticana - V 709


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas