Antroponínima

Gomes Lourenço de Beja

Descrição

Grande privado de Afonso IV e um dos seus principais apoiantes no conflito que o opôs, ainda infante, ao seu pai, D. Dinis. Segundo o Conde D. Pedro de Barcelos, que, tanto na Crónica Geral de Espanha de 1344, como no seu Nobiliário, dele nos dá uma imagem depreciativa, acusando-o de ser o principal instigador deste mesmo conflito, Gomes Lourenço era um advogado vilão, filho dum carpenteiro de Beja e [que] despois foi freire de Santiago. De facto, os dados disponíveis parecem confirmar a descrição que o Conde de Barcelos dele faz: em 1313 surge mencionado como familiar do infante herdeiro; em 1319 surge como vogado no ato que instituiu a Ordem de Cristo e em 1321 surge já como chanceler do infante Afonso, sendo acusado de traição por D. Dinis devido a uma alegada difamação pública do monarca. De acordo com Luís Filipe Oliveira1, será este percurso e a associação ao futuro Afonso IV, que estará na origem da sua ascensão ao cargo de Comendador-mor da Ordem de Santiago (entre 1341 e 1351). Foi casado por duas vezes. A primeira com Elvira Fernandes, da qual poucos dados subsistem. Do segundo casamento possuem-se mais informações. Casado com Beatriz Martins Bochardo, sobrinha de Estêvão Anes Bochardo, deverá ter estreitado o seu relacionamento com a miícia de Santiago, visto a sua esposa pertencer a uma linhagem com ligações à ordem. Teve ainda como barregã Inês Martins de Basto, sobrinha, por via materna, do trovador Estêvão Raimundes de Portocarreiro (LC30B5). Da sua descendência, sabemos que foi pai de Rui e Aires Gomes (bastardo legitimado em 1374), podendo ainda ser identificado outro seu filho, Álvaro Gomes.

Referências

1 Oliveira, Luís Filipe (2009), A Coroa, os Mestres e os Comendadores. As Ordens Militares de Avis e de Santiago (1330-1449), Faro, Universidade do Algarve.