João Garcia de Guilhade


Fez meu amigo, amigas, seu cantar
per bõa fé, em mui boa razom
e sem enfinta, e fez-lhi bom som,
e ũa dona lho quiso filhar;
5       mais sei eu bem por quem s'o cantar fez,
       e o cantar já valria ũa vez.
  
Tanto que lh'eu este cantar oí,
logo lh'eu foi na cima da razom
por quem foi feit'e bem sei por que[m] nom,
10e ũa dona o quer pera si;
       mais sei eu bem por quem s'o cantar fez,
       e o cantar já valria ũa vez.
  
Eno cantar mui bem entendi eu
como foi feito, bem come por quem,
15e o cantar é guardado mui bem,
e ũa [dona] o teve por seu;
       mais sei eu bem por quem s'o cantar fez,
       e o cantar já valria ũa vez.
  



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Nota geral:

Numa cantiga que nos fornece curiosas informações sobre a arte trovadoresca, a donzela reivindica para si um belo cantar (poema e música) que o seu amigo teria feito e que uma dona (uma mulher casada) se andava a gabar de ter sido feito em seu louvor. Embora sendo discreto e não citando nomes, a donzela percebeu-o imediatamente e tem a certeza de ter sido ela a inspiradora. E, só por isso mesmo, o cantar já seria bom.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 778, V 361

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 778

Cancioneiro da Vaticana - V 361


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas