| | | João Soares Coelho |
| | | | Fui eu, madre, lavar meus cabelos | | | | a la fonte e paguei-m'eu delos | | | | e de mi, louçana. | | | | | Fui eu, madre, lavar mias garcetas | | 5 | | a la fonte e paguei-m'eu delas | | | | e de mi, louçana. | | | | | A la fonte [e] paguei-m'eu deles; | | | | aló achei, madr', o senhor deles | | | | e de mi, louçana. | | | 10 | | [E], ante que m'eu d'ali partisse, | | | | fui pagada do que m'el[e] disse | | | | e de mi louçana. |
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| Nota geral: O cenário natural (a fonte), juntamente com a aparente simplicidade com que João Soares Coelho desenha a singela figura feminina que nela ouvimos (em versos que seguem o tradicional esquema paralelístico, embora de forma mais livre), fazem desta cantiga uma das mais delicadas e conhecidas cantigas de amigo dos Cancioneiros. Dirigindo-se à sua mãe, a donzela conta que foi à fonte lavar seus cabelos (em tranças) e que gostou do que viu, achando-se bela (pelo que temos desde logo que imaginar que se olhou no espelho das águas). Logo depois chegou o seu amigo (aliás, o senhor dos seus cabelos), que lhe disse coisas que ela também gostou de ouvir. Para além do simbolismo sensual do ato de lavar cabelos na fonte, note-se que, como acontece geralmente com este tipo de cantigas de cariz popularizante, a força poética da composição reside, não tanto no que se diz, mas no que as palavras revelam sem explicitamente dizerem.
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Nota geral
Descrição
Cantiga de Amigo Refrão e Paralelística Cobras singulares (Saber mais)
Fontes manuscritas
B 689, V 291
Versões musicais
Originais
Desconhecidas
Contrafactum
Desconhecidas
Composição/Recriação moderna
E de mi louçana y Versão de Frederico de Freitas
Fui à fonte lavar os cabelos Versão de Alain Oulman, Amália Rodrigues
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