Afonso X


De grado querria ora saber
destes que tragem saias encordadas,
 em que s'apertam mui poucas vegadas,
se o fazem polos ventres mostrar,
5porque se devam deles a pagar
sas senhores, que nom têm pagadas.
  
Ai Deus! Se me quisess'alguém dizer
 por que tragem estas cintas sirgadas
muit'anchas, come molheres prenhadas:
10se cuidam eles per i gaanhar
bem das com que nunca sabem falar,
ergo nas terras se som bem lavradas.
  
 Encobrir nom vo-lhos vejo fazer,
cõn'as pontas dos mantos trastornadas,
 15em que semelham os bois das ferradas
quando as moscas los vêem coitar;
Deus!, se as cuidam per i d'enganar,
que sejam deles por en namoradas.
  
[E] outrossi lhis ar vejo trager
20as mangas mui curtas e esfra[lda]das,
bem come se adubassem queijadas
ou se quisessem tortas amassar;
ou quiçá o fazem por delivrar
sas bestas, se fossem acevadadas.



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Nota geral:

Sátira contra a nobreza rural, cujos trajes e aspeto são entendidos por Afonso X como marcas distintivas e pouco abonatórias de classe. A cantiga é igualmente, por isso mesmo, um documento sobre a moda masculina da época (para alguns dos trajes referidos, veja-se este artigo de Garcia Marsilla1).

Referências

1 Garcia Marsilla, Juan Vicente (2012), "Vestit i aparença en els regnes hispànics del segle XIII", in Jaume I i el seu temps 800 anys després, València, Univerditat de València.
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Nota geral


Descrição

Escárnio e Maldizer
Mestria
Cobras uníssonas
Palavra perduda: v. 1 de cada estrofe
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Fontes manuscritas

B 492, V 75

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 492

Cancioneiro da Vaticana - V 75


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas