João Lopes de Ulhoa


Coit'haveria, se de mia senhor,
quando a visse, cuidass'haver bem,
e nom poder'eu vee-la per rem!
Pois end'agora tam gram coita hei,
5       como, se dela bem cuidass'haver,
       nom morreria mais pola veer.
  
O que nom cuido mentr'eu vivo for
nen'o cuidei nunca, des que a vi:
d'haver seu bem; e pero est assi,
10hei tam gram coita d'ir u ela é,
       como, se dela bem cuidass'haver,
       nom morreria mais pola veer.
  
 Nom andaria mais ledo, de pram,
do que eu ando porque cuid'a ir
15u ela é, que moiro por servir;
e assi moiro pola veer já,
       como, se dela bem cuidass'haver,
       nom morreria mais pola veer.
  
Pero entendo que faço mal sem
20em desejar meu mal come meu bem.



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Nota geral:

De forma sintaticamente algo confusa, o trovador diz-nos que sofre tanto agora por ver a sua senhora, como sofreria se soubesse que ela lhe concederia os seus favores mas não pudesse vê-la. Ou seja, mesmo sabendo que ela nada lhe dará, tem a mesma ânsia de ir ter com ela do que teria se ela o aceitasse. Embora considere insensato, como diz na finda, querer com a mesma força o mal e o bem.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
Mozdobre (v. 1 e 2 de cada estrofe):
haveria/haver (I), cuido/cuidei (II), andaria/ando (III)
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 207, B 358

Cancioneiro da Ajuda - A 207

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 358


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas