João Lopes de Ulhoa


Nostro Senhor, que me fez tanto mal,
ainda me pod'ria fazer bem,
se mia senhor, per quem [m']este mal vem,
 eu visse ced'; e nom Lhe peço al:
 5       ca se eu fosse fiz de a veer,
       nom querria do mundo mais haver!
  
Por quanto Lh'eu roguei e Lhe pedi,
quand'eu podia veer mia senhor,
nom Lho peço, nem querria melhor:
10de mi a mostrar, u m'eu dela parti;
       ca se eu fosse fiz de a veer
       nom querria do mundo mais haver!
  
Ca muit'há já que Lh'eu sempre roguei
por outro bem e nom mi o quis El dar
 15de mia senhor; e fui-mi ora guisar
que a nom vej', e non'a veerei:
       ca se eu fosse fiz de a veer
       nom querria do mundo mais haver!
  
E rogo-Lh'eu que, se Lh'a El prouguer,
20mostre-mi-a ced'; e quanto mal me fez
 nom será rem, se m'oir esta vez,
meu Senhor Deus, e mi a mostrar quiser:
       ca se eu fosse fiz de a veer
       nom querria do mundo mais haver!



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Nota geral:

Variação sobre a mesma razom de uma anterior cantiga do trovador: dirigindo-se aqui repetidamente e Deus, ele pede-Lhe que satisfaça o seu único desejo, que é o de ver o mais cedo possível a sua senhora. Renunciando a tudo o que Lhe pedia quando estava perto dela, agora nada mais deseja do que vê-la.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
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Fontes manuscritas

A 203, B 354

Cancioneiro da Ajuda - A 203

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 354


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas