João Lopes de Ulhoa


Ando coitado por veer
um home que aqui chegou,
que dizem que viu mia senhor;
e dirá-me se lhe falou.
5       E falarei com el muit'i
       em quam muit'há que a nom vi.
  
Por amor de Deus, quen'o vir,
diga-lhe que sa prol será
de me veer. E veê'-l'-ei
10porque a viu, e falar-mi-á.
       E falarei com el muit'i
       em quam muit'há que a nom vi.
  
 Ca muito per há gram sabor,
quem senhor ama, de falar
15en'ela, se acha com quem;
e por en vou aquel buscar!
       E falarei com el muit'i
       em quam muit'há que a nom vi.
  
 Pero sei eu dela, de pram,
 20ca nom m'enviou rem dizer,
mas do hom'hei eu gram sabor,
porque a viu, de o veer.
       E falarei com el muit'i
       em quam muit'há que a nom vi.
  
25Ca nunca vi, des que a vi,
outro prazer, se a nom vi.



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Nota geral:

O trovador anda ansioso por falar com um homem que dizem ter estado com a sua senhora. Pede mesmo que avisem o dito homem para vir ter com ele e decerto ficará a ganhar. Embora saiba que ela não lhe terá enviado nenhum recado, só o simples facto de falar dela com alguém que a viu e lhe falou será um prazer. Porque, como conclui na finda, desde que está longe dela, esse é o único prazer que tem.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
Palavra perduda: vv. 1 e 3 de cada estrofe
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 201, B 352

Cancioneiro da Ajuda - A 201

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 352


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas