Pero Garcia de Ambroa


Se eu no mundo fiz algum cantar,
como faz home com coita d'amor,
e por estar melhor com sa senhor,
acho-me mal e quero-m'en quitar:
5ca ũa dona, que sempre loei
em meus cantares, e por que trobei,
anda morrendo por um escolar.
  
Mais eu me matei, que fui começar
com dona atam velha [e] sabedor;
10pero conorto m'hei [e] gram sabor
de que a veerei cedo pobr'andar:
ca o que gaanhou em cas d'el-rei,
andand'i pedind', e o que lh'eu dei,
todo lho faz o clérigo peitar.
  
15Mais quem lhi cuida nunca rem a dar
assi s'ach'en com[o] eu ou peior!
E poila velha puta probe for,
non'a querrá pois nulh'home catar,
e será dela como vos direi:
20demo lev'a guar[i]da que lh'eu sei,
ergo se guarir per alcaiotar.



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Nota geral:

Será talvez a célebre soldadeira Maria Balteira a senhor que Pero d´Ambroa lamenta aqui ter servido e amado - e que nos retrata agora como uma velha sabidona, morrendo de amores por um clérigo, com quem gasta tudo o que ganhou.
A cantiga é ainda interessante por aludir à passagem, aparentemente biográfica, do canto de amor em louvor de uma dona ao canto satírico sobre essa mesma dona.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras uníssonas
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Fontes manuscritas

B 1599, V 1131
(C 1599)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1599

Cancioneiro da Vaticana - V 1131


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas