Fernão Soares de Quinhones


Contar-vos-ei costumes e feituras
 d'um cavalo que traj'um infançom:
há pees moles e as sedas duras
e tem'o freo e esporas nom;
5é velh'e sesgo nas aguilhaduras;
e nom encalçaria um leitom,
e encalçaria mil ferraduras.
  
 De dia empeça bem: com'a escura[s],
 nom s'alevant'ergo su o bardom;
10nom corre senom pelas mataduras,
nem traz caal, se enas unhas nom,
 u trage mais de cem canterladuras;
e as sas reens sempre magras som,
mais nas queixadas há fortes grossuras.
  
15E quando lhi deitam as armaduras,
log'el faz contenente de forom;
 e, se move, tremem-lh'as conjunturas
come doente de longa sazom;
há muit'espessas as augaduras,
20e usa mal, se nos geolhos nom,
em que trage grandes esfoladuras.
  
Nom vos contarei mais eu sas feituras,
mais, com'eu creo no meu coraçom,
quem x'em gram guerra andass'a loucuras,
25em feúza daqueste cavalom,
falecer-lh'-ia el nas queixaduras;
 e, ena paz, nom ar sei eu cochom
que o quisesse trager nas Esturas.



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Nota geral:

Sátira a um infanção através da descrição detalhada do seu cavalo miserável. A cantiga está em muito mau estado no manuscrito, o que torna a sua leitura difícil em muitos passos.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras uníssonas
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Fontes manuscritas

B 1556

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1556


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas