Fernão Soares de Quinhones


       Lop'Anaia nom se vaia
       ca, senhor, se s'ora vai
       e lhi frorecer a faia,
        a alguém jogará lai.
  
5Se lhi frorec'o bastage,
meu senhor, seede sage
que prendades dele gage;
ca, se s'ora daqui vai,
bem fará tam gram domage
10come Fernam de Romai.
       Lop'Anaia nom se vaia
       ca, senhor, se s'ora vai
       e lhi frorecer a faia,
       a alguém jogará lai.
  
15Se el algur acha freiras,
ou casadas ou solteiras,
 filha-x'as pelas carreiras,
e, se querem dizer "ai",
atá lhis faz as olheiras
20bem come prés de Cambrai.
       Lop'Anaia nom se vaia
       ca, senhor, se s'ora vai
       e lhi frorecer a faia,
       a alguém jogará lai.
  
25Nom se vaia de Sevilha
ca será gram maravilha
quant'achar, se o nom filha,
ca assi fez[o] seu pai;
ca já nẽum boi nom trilha
  30em Oscos - esto bem sai.
       Lop'Anaia nom se vaia
       ca, senhor, se s'ora vai
       e lhi frorecer a faia,
       a alguém jogará lai.



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Nota geral:

Numa cantiga plena de imaginação rítmica e rimática, Fernão Soares de Quinhones aconselha o seu senhor, provavelmente o rei, a não deixar partir de Sevilha um cavaleiro, de seu nome Lopo Anaia: mulheres e haveres ficariam certamente em risco por onde quer que ele passasse. A cantiga ganha parte da sua força expressiva pela utilização de numerosos galicismos.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1555

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1555


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas