Airas Carpancho


 Quisera-m'ir - tal conselho prendi,
  e foi coitad'e tornei-me por en;
e tod'home que me conselhar bem
conselhar-mi-á que more sempr'aqui:
5por um dia que mia senhor nom vi,
d'atant'houver'a morrer com pesar.
       Quem me quiser venha-m'aqui buscar.
  
Tod'home que souber meu coraçom
 nulha culpa nom me dev'apoer
10por eu morar u podesse veer
a mia senhor, por que moiro: ca nom
m'hei a partir daqui nulha sazom,
aguardando que lhe possa falar.
       Quem me quiser venha-m'aqui buscar.
  
15Nostro Senhor! E quem me cousirá
daqui morar? Ca já ir-me cuidei
e foi coitado como vos direi:
que nunca já tam coitado será
home no mundo; e mais vos direi já:
20doutra tal coita me quer'eu guardar.
       Quem me quiser venha-m'aqui buscar.
  
Deu'lo sabe que me quisera ir,
 de coraçom, morar a cas d'el-rei!
Mais direi-vos o por que o leixei:
25por amor, que mi o nom quis consentir.
E pois amor nom me leixa partir
da mia senhor, nem daqueste logar,
       quem me quiser venha-m'aqui buscar.



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Nota geral:

Tendo decidido partir (para a corte, como refere na última estrofe), o trovador depressa volta para trás, uma vez que a dor de viver longe da sua senhora lhe é insuportável. O refrão da cantiga resume de forma muito expressiva esse amor que não o deixa partir (como é dito no v. 26).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 64, B 176

Cancioneiro da Ajuda - A 64

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 176


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas