João Airas de Santiago


Ũa dona, nom dig'eu qual,
 nom aguirou ogano mal:
polas oitavas de Natal,
ia por sa missa oir,
5e [houv'] um corvo carnaçal,
       e nom quis da casa sair.
  
A dona, mui de coraçom,
oíra sa missa entom,
e foi por oír o sarmom,
10e vedes que lho foi partir:
 houve sig'um corv'a carom,
       e nom quis da casa sair.
  
A dona disse: - Que será?
E i o clérig'está já
15revestid'e maldizer-m'-á
se me na igreja nom vir.
E diss'o corvo: – Quá, cá;
       e nom quis da casa sair.
  
Nunca taes agoiros vi
20des aquel dia em que naci
com'aquest'ano houv'aqui;
e ela quis provar de s'ir
e houv'um corvo sobre si
       e nom quis da casa sair.



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Nota geral:

João Airas regressa ao universo dos agoiros, nesta bem humorada sátira contra uma mulher adúltera, baseada numa série de equívocos sobre o "corvo" que a teria impedido de ir à missa.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Refrão
Cobras singulares
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Fontes manuscritas

B 1467, V 1077
(C 1467)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1467

Cancioneiro da Vaticana - V 1077


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

O Rapinante 

Versão de Fontes Rocha, Natália Correia