Anónimo 1 ou Martim Soares


Pois nom hei de Dona Elvira
seu amor e hei sa ira,
esto farei, sem mentira:
pois me vou de Santa Vaia,
 5       morarei cabo da Maia,
        em Doiro, antr'o Porto e Gaia.
  
 Se crevess'eu Martim Sira,
nunca m'eu dali partira
d'u m'el disse que a vira:
 10em Sam [J]oan'e em saia.
       Morarei cabo da Maia,
       em Doiro, antr'o Porto e Gaia.



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Nota geral:

Pequena cantiga que parece incidir sobre o mesmo tema e personagens da conhecida composição, da autoria de Martim Soares, sobre as "netas do Conde", que a precede no cancioneiro da Biblioteca Nacional, ou seja, o rapto de D. Elvira de Sousa ou da Maia pelo infanção e trovador Rui Gomes de Briteiros. Apesar de subsistirem algumas dúvidas quanto à sua autoria (já que em A ela é anónima), a atribuição desta cantiga ao mesmo Martim Soares, feita por B, não deixa de ser plausível, pelo menos atendendo ao tema (ver Nota de autoria, onde a questão é mais detalhadamente discutida). Seja como for, parece tratar-se, mais uma vez, de uma cantiga posta na voz do próprio Rui Gomes, se bem que agora num tom bem mais ligeiro e pessoal. Acrescente-se que este tom parece, de resto, contrariar os critérios antológicos do Cancioneiro da Ajuda, que é claramente uma recolha limitada a um género, a cantiga de amor. Não sendo caso único neste cancioneiro, esta heterodoxa cantiga será, no entanto, uma das mais evidentes exceções.
Acrescente-se ainda que, apesar da ordem em que surgem no apógrafo italiano, é provável que esta cantiga fosse cronologicamente anterior à composição sobre as "netas do Conde" que a precede, já que parece aludir a um momento anterior ao rapto de D. Elvira.



Nota geral


Descrição

Escárnio e Maldizer
Refrão
Cobras uníssonas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 62, B 173

Cancioneiro da Ajuda - A 62

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 173


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas