Martim Soares


  Pero que punh'em me guardar
eu, mia senhor, de vos veer,
 per rem nom mi o querem sofrer
estes que nom poss'eu forçar:
5meus olhos e meu coraçom
e Amor; todos estes som
  os que m'e[n] nom leixam quitar.
  
 Ca os meus olhos vam catar
esse vosso bom parecer
 10e non'os poss'end'eu tolher
nen'o coraçom de cuidar
em vós; e a toda sazom
tem com eles Amor e nom
poss'eu com tantos guerr[ei]ar.
  
15Ca lhi nom poderei guarir
nelhur, se o provar quiser;
 e por esto nom mi há mester
de trabalhar em vos fogir;
ca eu como vos fugirei,
20pois estes, de que tal med'hei,
me nom leixam de vós partir?
  
E pois m'alhur nom leixam ir,
estar-lhis-ei, mentr'eu poder,
 u vos vejam, se vos prouguer;
25e haver-lhis-ei a comprir
esto que lhis praz, eu o sei;
e outro prazer lhis farei:
morrer-lhis-ei, pois vos nom vir.



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Nota geral:

Por mais que o trovador tente evitar ver a sua senhora, os seus olhos e o seu coração, juntamente com o Amor, não o suportam - e contra eles nada pode fazer. Os três lhe fazem guerra e não adianta lutar contra tantos ao mesmo tempo. Nem lhe adianta tentar fugir-lhes. Assim, se ela não se importar, ele irá cumprir o que sabe que lhes dará prazer e que é ficar perto dela. Dando-lhes ainda outro prazer: o de morrer, quando a não vir.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras doblas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 61, B 151
(C 151)

Cancioneiro da Ajuda - A 61

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 151


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas