| | | Pedro, conde de Barcelos | | | | Rubrica: | | | | Esta cantiga foi feita a um 'scudeiro que andou aalem-mar e dizia que fôra aló mouro
| | | | Alvar Rodríguez, monteiro maior, | | | | sabe bem que lhi há 'l-rei desamor, | | | | porque lhe dizem que é mal feitor | | | | na sa terra; éste cousa certa | | 5 | | ca diz que se quer ir; e, per u for, | | | | levará cabeça descoberta. | | | | | El entende que faz a 'l-rei pesar, | | | | se lhi na terr[a] aqui mais morar; | | | | por en quer ir sa guarida buscar, | | 10 | | com gram despeit', em terra deserta; | | | | e diz que pode, per u for, levar | | | | sempr'a cabeça descoberta. |
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| Nota geral: Esta Álvaro Rodrigues é certamente a mesma personagem satirizada por Estêvão da Guarda em cinco cantigas, também a partir de equívocos que a rubrica que acompanha esta composição ajuda a compreender: tratar-se-ia de um cristão que se teria (pelo menos temporariamente) convertido ao islamismo, na sua passagem pelo Norte de África. Como faz notar Rodrigues Lapa1, parece haver um certo desfasamento entre a sua identificação como escudeiro, feita pela rubrica, e a sua qualidade de monteiro-mor, referida na cantiga. Seja como for, o retrato de um Álvaro Rodrigues despeitado com o desfavor do rei não é certamente a única leitura possível para a composição (que poderá, aliás, estar incompleta): de facto, a repetida referência à cabeça descoberta, feita no refrão, será certamente uma alusão sexual (à circuncisão, único facto que poderá justificar as informações da rubrica).
Referências 1 Lapa, Manuel Rodrigues (1970), Cantigas d´Escarnho e de Maldizer dos Cancioneiros Medievais Galego-Portugueses, 2ª Edição, Vigo, Editorial Galaxia.
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Nota geral
Descrição
Cantiga de Escárnio e maldizer Mestria Cobras singulares (rima b uníssona) Palavra(s)-rima: (v. 6 de cada estrofe) cabeça descoberta (Saber mais)
Fontes manuscritas
V 1037
Versões musicais
Originais
Desconhecidas
Contrafactum
Desconhecidas
Composição/Recriação moderna
Desconhecidas
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