Antroponímia referida na cantiga:
  (linha 1)

João Servando


Dom Domingo Caorinha      ←
nom há proe      ←
 de sobir en[a] Marinha      ←
Caadoe;      ←
 5quand'ela jaze sobinha      ←
mal a roe      ←
 a g[r]ossa pixa misquinha      ←
que lhi no seu cono moe.      ←
       Por aquesto, Dom Domingo,      ←
10       nom digades que m'enfingo      ←
       de trobar:      ←
       e[u] doutra cinta me cingo      ←
       e doutra Martim Colhar.      ←
  
Dom Domingo, a Deus loado,      ←
 15daqui atró em Toledo      ←
nom há clérigo prelado      ←
que nom tenha o degredo.      ←
......................[ado]      ←
e vós, Marinha, co dedo      ←
20havede'lo con'usado      ←
que nom pode teer vedo.      ←
       Por aquesto, Dom Domingo,      ←
       nom digades que m'enfingo      ←
       de trobar:      ←
25       e[u] doutra cinta me cingo      ←
       e doutra Martim Colhar.      ←
  
Dom Domingo, nom podedes      ←
[d]os calções,      ←
que com a pissa tragedes      ←
30a Marinha per paixões,      ←
mais per como a fodedes,      ←
e[n]xerdades os [s]erões,      ←
e sobides e decedes,      ←
[e que]brades os colhões.      ←
35       Por aquesto, Dom Domingo,      ←
       nom digades que m'enfingo      ←
       de trobar:      ←
       e[u] doutra cinta me cingo      ←
       e doutra Martim Colhar.      ←
  
40Dom Domingo, vossa vida      ←
é com pea,      ←
pois Marinha jaz transida      ←
e sem cea,      ←
per que vos, aa sobida,      ←
 45cansou essa cordovea:      ←
ficou-vo'la pissa espida,      ←
  que já xe vos [or'] eisfrea.      ←
       Por aquesto, Dom Domingo,      ←
       nom digades que m'enfingo      ←
50       de trobar:      ←
       e[u] doutra cinta me cingo      ←
       e doutra Martim Colhar.      ←



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Nota geral:

Cantiga bastante obscena contra um clérigo, D. Domingo Caorinha, cuja impotência o impediria de satisfazer a sua amiga Marinha (certamente uma soldadeira). Pelo que percebemos ainda, a cantiga teria tido como motivo próximo qualquer altercação sobre a arte de trovar, como parece depreender-se do refrão.
A composição, de ritmo irregular e muito vivo, está, no entanto, em muito mau estado no único manuscrito que no-la transmitiu (V), e a terceira estrofe exigirá mesmo de qualquer editor uma boa dose de imaginação. Acrescente-se ainda que, pela irregularidade métrica das suas estrofes, ela poderá talvez ser um dos raros descordos do cancioneiro satírico (embora seja igualmente difícil termos qualquer certeza a este respeito).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Descordo
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

V 1030

Cancioneiro da Vaticana - V 1030


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas