Estêvão da Guarda


Pois a todos avorrece
 este jogar avorrido
de tal molher e marido,
que a mim razom parece
  5       de trager, por seu pedrolo,
       o filho d'outro no colo.
  
Pois ela trage camisa
 de sirgo tam bem lavrada,
e vai a cada pousada
10por algo, nom é sem guisa
       de trager, por seu pedrolo,
       o filho d'outro no colo.
  
Como Pero da Arruda
foi da molher ajudado,
15nom é mui desaguisado,
pois lh'esta faz tal ajuda,
       de trager, por seu pedrolo,
       o filho d'outro no colo.



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Nota geral:

Divertida sátira a um casal e ao seu "jogo" doméstico: se a mulher se prostituía com a conivência do marido (que ganhava com o negócio), não era de admirar que ele trouxesse ao colo filhos que não eram seus. Excecionalmente, esta cantiga remete o nome do visado, Pero da Arruda, para a última estrofe (quando, por norma, ele é indicado logo na primeira).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1306, V 911
(C 1306)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1306

Cancioneiro da Vaticana - V 911


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas