Lopo


Polo meu mal filhou-[s'ora] el-rei
de mar a mar, assi Deus mi perdom,
 ca levou sigo o meu coraçom
e quanto bem hoj[e] eu no mund'hei;
5       se o el-rei sigo nom levasse,
       mui bem creo que migo ficasse.
  
O meu amig'e meu lum'e meu bem
nom s'houver'assi de mi a partir,
 mais ante se mi houvera a espedir,
10e veed'ora qual é o meu sem:
       se o el-rei sigo nom levasse,
       mui bem creo que migo ficasse.
  
O meu amigo, pois com el-rei é,
a mia coita é qual pode seer:
 15semelha-mi a mi já par de morrer;
 esto vos dig'ora, per bõa fé:
       se o el-rei sigo nom levasse,
       mui bem creo que migo ficasse.



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Nota geral:

A donzela lamenta que o seu amigo tenha partido com el-rei - se não fossem as suas grandes campanhas militares, decerto ele teria ficado junto dela. Mas el-rei levou-o consigo e a sua dor é enorme.
A cantiga tem a originalidade de começar com uma das expressões que mais marcaram, até meados do século XIII, a mentalidade dos intervenientes na chamada reconquista cristã ibérica, de mar a mar, ou seja, o velho sonho de ligar o Norte Atlântico e o Sul mediterrânico, objetivo conseguido com a conquista de Sevilha, por Fernando III, em 1248. Se a expressão, tem, na voz feminina desta cantiga, um sentido específico (o rei levou o seu amigo para muito longe), a sua utilização implica também, como se compreende, um louvor indireto de Lopo ao rei conquistador. De resto, e no que toca a questões sobre as quais não temos geralmente qualquer dado, ela permite-nos ainda datar com alguma exatidão a cantiga, que deverá ter sido composta nos meses que precederam essa mesma conquista de Sevilha.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1249, V 854

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1249

Cancioneiro da Vaticana - V 854


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas