Nuno Trez


 Nom vou eu a Sam Clemenço orar, e faço gram razom,
  ca el nom mi tolhe a coita que trago no meu coraçom,
       nem mi aduz o meu amigo,
       pero lho rog'e lho digo.
  
5Nom vou eu a Sam Clemenço, nem el nom se nembra de mim,
nem mi aduz o meu amigo, que sempr'amei des que o vi,
       nem mi aduz o meu amigo,
       pero lho rog'e lho digo.
  
Ca se el m[i] adussesse o que me faz pẽad'andar,
10nunca tantos estadaes arderam ant'o seu altar,
       nem mi aduz o meu amigo,
       pero lho rog'e lho digo.
  
Ca se el m[i] adussesse o por que eu moiro d'amor,
nunca tantos estadaes arderam ant'o meu senhor,
15       nem mi aduz o meu amigo,
       pero lho rog'e lho digo.
  
Pois eu e[m] mia vontade de o nom veer som bem fiz,
que porrei, par caridade, ant'el candeas de Paris?
       Nem mi aduz o meu amigo,
20       pero lho rog'e lho digo.
  
 Em mi tolher meu amigo filhou comigo perfia,
 por end'arderá, vos digo, ant'el lume de bogia,
       nem mi aduz o meu amigo,
       pero lho rog'e lho digo.



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Nota geral:

A moça está zangada com S. Clemenço porque, por mais que lhe rogue, o santo não lhe traz o seu amigo de volta. Se ele atendesse ao seu pedido, ela não olharia a meios para lhe acender inúmeras velas (e das grandes). Mas já que tem a certeza de que não vai ver o seu amigo tão cedo, para quê pôr velas caras (de Paris) no seu altar? O santo terá de se contentar com uma velinha das mais modestas.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão e Paralelística
Cobras alternadas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1202, V 807

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1202

Cancioneiro da Vaticana - V 807


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas