Paio Soares de Taveirós


Eu sõo tam muit'amador
do meu linhagem, que nom sei
al no mundo querer melhor
d'ũa mia parenta que hei;
5e quem a sa linhagem quer bem,
tenh'eu que faz dereit'e sem;
e eu sempr'o meu amarei.
  
E sempre serviç'e amor
eu a meu linhagem farei:
10entanto com'eu vivo for,
esta parenta servirei,
que quero melhor doutra rem;
e muito serviç'em mi tem,
se eu poder - e poderei.
  
15Pero nunca vistes molher
nunca chus pouc'algo fazer
a seu linhagem, ca nom quer
 em meu preito mentes meter;
e poderia-me prestar,
20par Deus, muit', e nom lhe custar
a ela rem de seu haver.
  
E veede se mi há mester
d'atal parenta bem querer:
que m'hei a queixar, se quiser
25lhe pedir alg', ou a veer;
pero se mi quisesse dar
algo, faria-me preçar
atal parenta e valer.



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Nota geral:

Cantiga difícil de enquadrar num dos três géneros canónicos, na qual Paio Soares de Taveirós de declara apaixonado por "uma sua parenta". A cantiga é suficientemente heterodoxa, nomeadamente nas repetidas e ambíguas referências à sua linhagem, para não poder deixar de ser considerada, se não satírica, pelo menos claramente jocosa. A hipótese de se tratar de um maldizer posto na boca de um terceiro, denunciando uma qualquer ligação incestuosa, com questões de bens à mistura, também poderá ser considerada.



Nota geral


Descrição

Género incerto
Mestria
Cobras doblas
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Fontes manuscritas

A 37

Cancioneiro da Ajuda - A 37


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas