João Servando


Foi-s'agora meu amig'e por en
há-mi jurado que polo meu bem
me quis e quer mui melhor doutra rem;
       mais eu bem creo que nom est assi,
5       ante cuid'eu que moira el por mi
       e eu por el, em tal hora o vi.
  
Quando se foi, viu-me triste cuidar,
e logo disse, por me nom pesar,
que por meu bem me soube tant'amar;
10       mais eu bem creo que nom est assi,
       ante cuid'eu que moira el por mi
       e eu por el, em tal hora o vi.
  
Aquel dia que se foi, mi jurou
que por meu bem me sempre tant'amou
15e amará, pois migo começou;
       mais eu bem creo que nom est assi,
       ante cuid'eu que moira el por mi
       e eu por el, em tal hora o vi.
  
Par Sam Servando, sei que será assi,
20de morrer eu por el e el por mim.



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Nota geral:

Nesta cantiga, o trovador joga ironicamente com os dois sentidos da palavra bem, no caso, o seu sentido literal, o único que a ingénua donzela tem em conta, e o sentido eufemístico que se subentendo das palavras do seu amigo (que a ama polo seu bem, ou seja, para obter os seus favores). Em concreto, ela diz-nos que, embora ele, à despedida, lhe tenha dito que a amava polo seu bem, ela está convencida que, pelo contrário, ambos irão morrer um pelo outro (o que não pode ser bem).
O trovador retoma este mesmo tema, de forma mais desenvolvida, numa outra cantiga de amigo.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1150, V 743

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1150

Cancioneiro da Vaticana - V 743


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas