João Airas de Santiago


Que mui leda que eu mia madre vi
quando se foi meu amigo daqui,
e eu nunca fui leda nem dormi,
       amiga, depois que s'el foi daquém;
5       e ora já dizem-mi del que vem,
       e mal grad'haja mia madre por en.
  
Ela foi [mui] leda, poilo viu ir,
e eu mui triste, poilo vi partir
de mi, ca nunca mais pudi dormir,
10       amiga, depois que s'el foi daquém;
       e ora já dizem-mi del que vem
       e mal grad'haja mia madre por en.
  
De[s] quando s'el foi daqui a [e]l- rei,
foi mia madre mui led[a], e[u] o sei,
15[e] eu fui [mui] triste sempr'e chorei,
       amiga, depois que s'el foi daquém;
       e ora já dizem-mi del que vem
       e mal grad'haja mia madre por en.



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

Na sequência da cantiga anterior, a donzela põe em paralelo a alegria que a sua mãe sentiu com a partida do seu amigo (para a corte real, como é dito na 3ª estrofe) e a sua própria tristeza, uma tristeza que a impediu de dormir desde então. Agora que ele está de regresso, a donzela exprime tanto o seu desagrado com essa atitude da mãe, como a sua indiferença face ao modo como ela poderá agora reagir.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1019, V 609

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1019

Cancioneiro da Vaticana - V 609


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas