Pero da Ponte or Sancho Sanches


A mia senhor, que eu mais doutra rem
desejei sempr'e amei e servi,
que nom soía dar nada por mi,
preito me trage de me fazer bem:
5       ca meu bem é d'eu por ela morrer,
        ante ca sempr'em tal coita viver.
  
Em qual coita me seus desejos dam
 tod'a sazom! Mais, des agora já,
por quanto mal me faz, bem me fará,
10ca morrerei e perderei afã:
       ca meu bem é d'eu por ela morrer,
       ante ca sempr'em tal coita viver.
  
E quanto mal eu por ela levei,
ora mi o cobrarei, se Deus quiser;
15ca, pois eu por ela morte preser,
nom mi dirám que dela bem nom hei:
       ca meu bem é d'eu por ela morrer,
       ante ca sempr'em tal coita viver.
  
Tal sazom foi que me tev'em desdém,
20quando me mais forçava seu amor;
e ora, mal que pês a mia senhor,
bem me fará e mal grad'haja en:
       ca meu bem é d'eu por ela morrer,
       ante ca sempr'em tal coita viver.



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General note:

Se a sua senhora sempre se mostrou indiferente, a trovador diz-nos que ela se prepara agora para lhe fazer bem: mas simplesmente porque, considerando ser bem melhor morrer do que levar uma vida de sofrimento, a sua morte próxima é o tal bem que ela lhe fará.



General note


Description

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
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Manuscript sources

A 291, B 394, B 982, V 4, V 569

Cancioneiro da Ajuda - A 291

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 394

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 982

Cancioneiro da Vaticana - V 569


Musical versions

Originals

Unknown

Contrafactum

Unknown

Modern Composition or Recreation

Unknown