General note: Esta curiosa cantiga, dirigida ao trovador Martim Moxa, e criticando ironicamente a sua vida desregrada, tem sido lida como um auto-escárnio (e uma auto-defesa irónica), já que a leitura que tem sido feita da rubrica (Esta cantiga fez Martim a si mesmo) parecia indicar que, de facto, o seu autor seria o próprio Martim Moxa. No entanto, a leitura desta rubrica é tudo menos evidente, sobretudo nos termos que seguem o nome Martim, onde não seria impossível ler um sobrenome. De facto, não seria caso único nos Cancioneiros os compiladores terem acoplado às trovas de um trovador umas trovas a ele dirigidas. É o que acontece, por exemplo, com a cantiga que o jogral Aº Gomes dedica ao próprio Martim Moxa, com acusações muito semelhantes a estas e que antecede algumas cantigas do trovador, ou com a cantiga que João Romeu do Lugo fez a D. Lopo Lias e que vem no final das cantigas deste trovador. Um caso semelhante poderia, pois, acontecer aqui (o nome do jogral ou trovador podendo talvez ser Martim Afonso). No entanto, a leitura autobiográfica, ainda que um pouco estranha, talvez seja igualmente possível.
|