João Vasques de Talaveira or Pedro Amigo de Sevilha


O meu amigo, que mi gram bem quer,
punha sempr', amiga, de me veer,
e punh'eu logo de lhi bem fazer,
mais vedes que ventura de molher:
5       quando lh'eu poderia fazer bem,
       el nom vem i, e u nom poss'eu, vem.
  
E nom fica per mi, per bõa fé,
d'haver meu bem e de lho guisar eu;
nom sei se x'é meu pecado, se seu,
10mais mia ventura tal foi e tal é:
       quando lh'eu poderia fazer bem,
       el nom vem i, e u nom poss'eu, vem.
  
E, per bõa fé, nom fica per mi,
quant'eu poss', amiga, de lho guisar
15nem per el sempre de mi o demandar,
mais a ventura no-lo part'assi;
       quando lh'eu poderia fazer bem,
       el nom vem i, e u nom poss'eu, vem.
  
E tal ventura era pera quem
20nom quer amig'e nem dá por el rem.



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General note:

A donzela conta a uma amiga a situação paradoxal em que ela e o seu amigo se encontram: embora ele tente sempre obter os seus favores e ela esteja disposta a conceder-lhos, não conseguem coordenar-se quanto ao momento propício - quando ela poderia, ele não vem, e quando ele vem, ela não pode. Uma triste sina, mais adequada para quem não goste verdadeiramente do seu amigo.



General note


Description

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
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Manuscript sources

B 794=1212, V 378=817

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 794=1212

Cancioneiro da Vaticana - V 378=817


Musical versions

Originals

Unknown

Contrafactum

Unknown

Modern Composition or Recreation

Unknown