João Vasques de Talaveira


Quando se foi meu amigo daqui,
direi-vos quant'eu del pud'aprender:
pesou-lhi muit'em se partir de mi;
e or', amiga, moiro por saber
5       se é mort'ou se guariu do pesar
       grande que houv'em se de mi quitar.
  
 Sei eu ca lhi pesou de coraçom
de s'ir, pero nom pud'i outra rem
fazer, se Nostro Senhor mi perdom;
10e moir', amiga, por saber d'alguém
       se é mort'ou se guariu do pesar
       grande que houv'em se de mi quitar.
  
Mui bem vej'eu quam muito lhi pesou
a meu amig'em se daqui partir,
15e todo foi por quanto se quitou
de mi; e moir', amiga, por oír
       se é mort'ou se guariu do pesar
       grande que houv'em se de mi quitar.
  
E, amiga, quem alguém sab'amar,
20mal pecado!, sempr'end'há o pesar.



 ----- Increase text size ----- Decrease text size

General note:

Sabendo que o seu amigo teve um grande desgosto quando partiu e se separou dela, a donzela diz a uma amiga que morre por saber se já teria morrido ou se já teria recuperado do desgosto. Pois quando se ama alguém, como conclui na finda, os desgostos são inevitáveis.
É possível que esta cantiga de amigo entre em diálogo com uma cantiga de amor do trovador (onde a voz masculina alude exatamente ao desgosto da partida).



General note


Description

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Learn more)


Manuscript sources

B 790, V 374

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 790

Cancioneiro da Vaticana - V 374


Musical versions

Originals

Unknown

Contrafactum

Unknown

Modern Composition or Recreation

Unknown