João Peres de Aboim


Pero vos ides, amigo,
 sen'o meu grad'alhur viver,
nom vos ides ond'hei prazer:
por nom falardes comigo,
5       - ca daqui o poss'eu guisar -
       mais por mi fazerdes pesar.
  
E, pero vos ides daquém,
nom vos ides do que mi praz:
por nom fazer eu quanto faz
10molher por hom'a que quer bem
       - ca daqui o poss'eu guisar -
       mais por mi fazerdes pesar.
  
Ir-vos podedes, mais bem sei
ca nom diredes com razom
15que nom faç'eu de coraçom
por vós quanto de fazer hei
       - ca daqui o poss'eu guisar -
       mais por mi fazerdes pesar.
  
E, pero vos ir queredes,
20nom diredes, per bõa fé,
com dereito, que per mim é,
ca faç'eu quanto dizedes
       - ca daqui o poss'eu guisar -
       mais por mi fazerdes pesar.



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General note:

A donzela censura o seu amigo por se ir embora, acusando-o de o fazer, não por motivos compreensíveis e que até lhe agradariam (como seria o de não lhe poder falar), mas apenas para a magoar. Na verdade, não só ela arranjaria facilmente maneira de falarem, como ele sabe perfeitamente que ela faz tudo o que ele diz e quer.
A cantiga parece ter sequência direta na cantiga seguinte.



General note


Description

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
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Manuscript sources

B 672, V 274

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 672

Cancioneiro da Vaticana - V 274


Musical versions

Originals

Unknown

Contrafactum

Unknown

Modern Composition or Recreation

Unknown