João Peres de Aboim


Cuidades vós, meu amigo, ũa rem:
que me nom poss'assanhar sem razom
eu contra vós come vós; por que nom?
Escontra mi cuidades i mal sem,
5       ca poder hei de m'assanhar assi
       eu contra vós come vós contra mi.
  
E, se cuidades ca nom hei poder,
meu amigo, de mi vos assanhar
bem come vós a mim, ides cuidar
10mal sem, ca logo vos farei veer
       ca poder hei de m'assanhar assi
       eu contra vós come vós contra mi.
  
E, [se] cuidades que poder nom hei
de me vos assanhar, se m'eu quiser,
15bem come vós a mim, se vos prouguer,
bem outrossi me vos assanharei,
       ca poder hei de m'assanhar assi
       eu contra vós come vós contra mi.
  
Mais, pois me vos Deus por amigo deu
20e mi a vós por amiga, muit'há,
quitade-vos vós de cuidardes já
o que cuidades, ca bem vos dig'eu
       ca poder hei de m'assanhar assi
       eu contra vós come vós contra mi.



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General note:

A donzela diz ao seu amigo que tanto direito tem ela de se zangar gratuitamente com ele, como ele com ela. E se ele pensa o contrário, está completamente enganado, como lhe poderá demonstrar.



General note


Description

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
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Manuscript sources

B 665bis, V 268
(C 665)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 665bis

Cancioneiro da Vaticana - V 268


Musical versions

Originals

Unknown

Contrafactum

Unknown

Modern Composition or Recreation

Unknown