Nuno Fernandes Torneol


Que coita tamanha hei a sofrer,
por amar amig'e non'o veer,
        e pousarei lo avelanal.
  
Que coita tamanha hei endurar,
5por amar amig'e nom lhi falar,
       e pousarei sô lo avelanal.
  
Por amar amig'e nom lhi falar,
nem lh'ousar a coita que hei mostrar,
       e pousarei sô lo avelanal.
  
10Por amar amig'e o nom veer,
nem lh'ousar a coita que hei dizer,
       e pousarei sô lo avelanal.
  
Nom lhe ousar a coita que hei dizer,
e nom mi dam seus amores lezer,
15       e pousarei sô lo avelanal.
  
Nom lhe ousar a coita que hei mostrar,
e nom mi dam seus amores vagar,
       e pousarei sô lo avelanal.



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General note:

Mais uma notável cantiga onde Nuno Fernandes Torneol cria uma atmosfera ao mesmo tempo simples e rica em subentendidos. No caso, pela ligação fluida que se estabelece entre o corpo das estrofes e o seu refrão. Se momentaneamente o esquecermos, o que diz a moça é bastante simples: apaixonada, queixa-se do sofrimento que é amar o seu amigo e não o poder ver, nem ousar confessar-lhe o seu amor (tópico mais frequente, de resto, nas cantigas de amor). Já a ligação deste discurso com o refrão, onde a moça nos diz que irá descansar ou dormir debaixo das avelaneiras, parece menos evidente. Para além da subtil sugestão de um desejo de ser encontrada (de o seu amigo a encontrar, indefesa e disponível, e não de ir ela ao seu encontro), tenha-se sobretudo em conta o valor simbólico das avelaneiras, árvores associadas, em muitas culturas antigas, a ritos nupciais.



General note


Description

Cantiga de Amigo
Refrão e Paralelística
Cobras alternadas
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Manuscript sources

B 644, V 245

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 644

Cancioneiro da Vaticana - V 245


Musical versions

Originals

Unknown

Contrafactum

Unknown

Modern Composition or Recreation

Unknown