Pero Mafaldo


O meu amig', amiga, que me gram bem fezia,
fez-me preit'e menage que ante me veria
 que se fosse; e vai-s'ora de carreira sa via;
       e sempre mi assi ment'e nom há de mi vergonha,
5       nom me viu mais d'um dia e vai-s'a Catalonha.
  
Nunca vistes, amiga, quem tal amigo visse,
ca me jurou que nunca se já de mi partisse,
e mais forom de cento mentiras que m'el disse;
       e sempre mi assi mente e nom há de mi vergonha,
10       nom me viu mais d'um dia e vai- s'a Catalonha.
  
Nom sabedes, amiga, como m'houve jurado
que nunca se partisse de mi sem meu mandado,
e mentiu-me cem vezes e mais o perjurado;
       e sempre mi assi ment'e nom há de mi vergonha,
15       nom me viu mais d'um dia e vai-s'a Catalonha.



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General note:

Falando com uma amiga, a donzela queixa-se das mentiras do seu amigo: jurou-lhe solenemente que a viria ver antes de partir e, tendo estado com ela apenas um dia, já está a caminho da Catalunha. Mentindo mais de cem vezes, foi-se embora sem lhe pedir licença - o traidor e o sem vergonha!
Como dizemos na sua nota biográfica, esta original referência à Catalunha pode dar-nos algumas pistas sobre o percurso de Pero Mafaldo, trovador sobre o qual poucos dados subsistem.



General note


Description

Cantiga de Amigo
Refrão
Cobras singulares
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Manuscript sources

B 383
(C 383)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 383


Musical versions

Originals

Unknown

Contrafactum

Unknown

Modern Composition or Recreation

Unknown