Rodrigo Anes de Vasconcelos


Senhor de mi e do meu coraçom,
dizedes que nom havedes poder,
per nulha guisa, de mi bem fazer.
Poilo dizedes, nom dig'eu de nom;
5       mais, mia senhor, dizede-m'ũa rem:
       como mi vós podedes fazer mal,
       nom mi podedes assi fazer bem?
  
E, mia senhor, mui gram poder vos deu
Deus sobre mim; e dizedes, senhor,
10que me nom podedes fazer amor.
Poilo dizedes, creo-vo-lo eu;
       mais, mia senhor, dizede-m'ũa rem:
       como mi vós podedes fazer mal,
       nom mi podedes assi fazer bem?
  
15E, mia senhor, já vos sempre diram,
se eu morrer, que culpa havedes i;
e vós dizedes que nom est assi.
Poilo dizedes, assi é, de pram;
       mais, mia senhor, dizede-m'ũa rem:
20       como mi vós podedes fazer mal,
       nom mi podedes assi fazer bem?
  
E, mia senhor, nunca eu direi rem
de contra vós, se nom perder o sem.
  
Ca, mia senhor, quem hom'em poder tem
25e lhi faz mal, pode-lhi fazer bem.



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General note:

Se a sua senhora lhe diz que não pode nem tem maneira de lhe fazer bem (de lhe conceder os seus favores), o trovador declara-lhe que só pode acreditar na sua palavras. Mas pergunta-lhe: se lhe pode fazer mal, não lhe poderá também fazer bem?



General note


Description

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
Finda
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Manuscript sources

B 367
(C 367)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 367


Musical versions

Originals

Unknown

Contrafactum

Unknown

Modern Composition or Recreation

Unknown