General note: Sátira a um nobre tacanho, que só distribuiria roupas aos seus servidores depois de muito as usar: assim elas seriam caras de conseguir e baratas quando os que as recebias as queriam vender. É, pois, no jogo antonómico caro/rafece (barato, mas também reles, ordinário) que assenta esta composição. Vicenç Beltran1 crê que a cantiga terá um fundo político concreto - os conflitos entre Navarra e Castela - dado ter identificado o satirizado como o Garcia López de Alfaro, clérigo ao serviço dos reis de Navarra, e que serviu de seu embaixador junto de Fernando III, e, posteriormente, junto de Afonso X. Seria no contexto desta última embaixada, quando o rei castelhano ameaçava militarmente o reino de Navarra (1254/1255), que Pero da Ponte teria composto a sua cantiga. Nesta medida, o dom de que fala o texto poderia, na verdade, aludir equivocamente a uma qualquer proposta concreta da rainha Margarida, regente de Navarra, que o rei castelhano consideraria inaceitável. Acrescente-se que, formalmente, a composição é muito semelhante a uma outra de Pero da Ponte, o que leva ainda Beltran a sugerir que elas teriam sido compostas em momentos próximos e, eventualmente, a partir de uma mesma melodia.
References 1 Beltran, Vicenç (2005), La corte de Babel. Lenguas, poética y política en la España del siglo XIII, Madrid, Bredos, pp. 153-157. Go to web page
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